Ego transformado - Resenha crítica - Timothy Keller
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Ego transformado - resenha crítica

Ego transformado Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Autoajuda & Motivação

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The freedom of self-forgetfulness

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-275-0951-0

Editora: Vida Nova

Resenha crítica

Baixa autoestima vs. alta autoestima

Até o século passado, a maior parte das culturas acreditava que autoestima alta era a razão por trás dos problemas da sociedade. A origem de todo mal era a soberba. É assim que se explicava o mau comportamento. Só que, na sociedade de hoje, o consenso cultural vai na direção oposta. 

A crença contemporânea é a de que os problemas têm origem na baixa autoestima. Só que não há nada que comprove isso. Para o autor, pessoas com autoestima elevada são até mais perigosas. O problema é que a ideia oposta está muito arraigada em nossa mente. 

A sociedade tenta nos convencer de que a origem da violência está na falta de valorização de si próprio. Então, teríamos só que animar as pessoas e fazer com que elas acreditem em si próprias para mudar o mundo. O autor cita o texto do apóstolo Paulo, em Coríntios, como uma visão que contrasta com esse senso comum.

O ego humano é vazio, atarefado, dolorido e frágil

Em Coríntios, Paulo convence os cristãos a não se orgulharem de si em detrimento do outro. Ele estava tentando ensinar às pessoas uma visão sobre o ego humano. A tradução “orgulho” também tem a raiz grega de “superinflado”, ou “inchado”. Isso nos ajuda a refletir sobre o que Paulo quis dizer com a palavra original.

“Superinflado” nos faz pensar em algo que cresceu tanto que está prestes a explodir. Para Paulo, essa é a condição natural do nosso ego, muito além do tamanho que deveria ocupar. Essa imagem nos ajuda a entender qual é a condição natural do ego.

Ele é vazio, frágil, atarefado e dolorido. A igreja de Corinto foi fundada por Paulo. Só que ela estava dividida. Surgiram facções que fragmentaram a religião. Para o apóstolo, a razão para essa divisão é o ego. Os fiéis eram muito orgulhosos e isso criou a inimizade e a falta de paz.

O orgulho espiritual

Há um vazio no centro do ego humano. Quando superinflado, é ocupado por nada. O normal no hábito humano é criar seu senso de identidade em torno de qualquer coisa que não seja Deus. Esse é o “orgulho espiritual”, a ideia de que podemos conduzir nossa vida e desenvolver um senso pessoal de valor sem Ele.

O ego humano é fundamentado em outras coisas. O problema é que, quando tentamos pôr alguma coisa no lugar reservado a Deus, sobrará espaço. É por isso que ele é preenchido de vazio. Tudo o que colocamos lá fica chacoalhando. Outro traço do ego é o fato de ser dolorido.

Quando não temos nenhum problema no corpo, não prestamos atenção nele. Raramente percebemos o quanto nossas mãos e pés fazem um excelente trabalho enquanto nos movimentamos. Só prestamos atenção quando sentimos algum desconforto. No entanto, o ego inflado sempre dói, porque há algo de muito errado com ele.

Sentimentos não podem ser feridos

É comum reclamarmos que uma pessoa feriu nossos sentimentos. Só que eles, em essência, não podem ser feridos. Quem se machuca é o ego. Nosso senso de identidade é que sente. Os sentimentos continuam muito bem, eles não se doem. Mas nosso ego exige que avaliemos a nossa imagem e a forma como somos tratados.

Caminhar não machuca os pés, a não ser que eles já tenham algum problema. Da mesma forma, o ego não se dói, a não ser que haja algo de errado com ele. Se você dificilmente passa um dia sem que se sinta ignorado, esnobado ou mal consigo mesmo, é porque alguma coisa não está bem na percepção que tem de seu “eu”.

O ego não se sente feliz. Por isso, vive chamando a atenção. Imagine-o como um estômago dilatado. É incômodo. Seu senso de identidade também é atarefado e faz tudo para ser ocupado. É incansável no orgulho e na vanglória.

O orgulho é o prazer em ter mais do que os outros

O orgulho é competitivo. Não se satisfaz em ter algo, mas em tê-lo em quantidade mais alta do que os outros. As pessoas não querem ser ricas, bonitas ou espertas, mas sê-los mais do que aqueles que conhecem. Se todos tivessem essas qualidades em igual medida, não teria graça.

Somos orgulhosos quando nos sentimos mais bonitos, bem-sucedidos e inteligentes do que os outros. Quando encontramos alguém que tem esses traços em dose maior, tudo perde a graça. Isso acontece porque a alegria verdadeira não vem dessas coisas. Orgulhar-se é ter prazer em ter mais do que aqueles que conhecemos.

É o prazer em se sentir superior. A cobiça sexual de um homem faz com que ele se deite com uma mulher não porque a deseja, mas porque quer provar que é mais capaz do que os outros. Isso destrói o verdadeiro prazer que poderia ter com ela. Agimos para ter um “currículo” impressionante.

Fazemos tarefas que não importam só para criar um currículo impressionante

O autor conta que quando era criança, detestava xadrez. No entanto, sua mãe queria que ele participasse de um clube de xadrez, apenas para melhorar seu currículo estudantil. É isso que fazemos o tempo inteiro: tarefas que não importam apenas para construir um “currículo” impressionante.

As pessoas estão em trabalhos dos quais não gostam e fazem dietas que detestam só para satisfazer o ego. Tentamos nos sobressair aos outros, para nos vangloriar. Queremos ser os melhores e criar um currículo que aumente nossa autoestima. Tudo isso serve para compensar a sensação de vazio e impotência.

O ego está ocupado. Ele é frágil. É como um balão. Quanto mais superinflado, maior o risco de estourar. Vamos do senso de superioridade ao de inferioridade em segundos. Uma pessoa com o ego desinflado é como uma bexiga que, ao mínimo contato com algo pontiagudo, perdeu todo o seu ar.

A consciência limpa não faz de um homem inocente

Já passamos da metade do microbook e o autor conta como Paulo dizia aos coríntios que não se importava com o que pensavam dele. Sua identidade não devia nada aos outros. Sua autovalorização não tinha a ver com a opinião alheia. É assim que devemos ser. O apóstolo não se importava se seria julgado pelos outros.

Ele vai além e, nem mesmo, julga a si próprio. Paulo não considerava nem a própria visão que cultivava de si importante, porque ela é enganosa. Para ele, uma consciência limpa não faz ninguém inocente. O que realmente importa é o que somos, não o que achamos que somos.

Hitler provavelmente tinha a consciência limpa. Isso não significa que era inocente. Paulo não buscava sua identidade na opinião dos coríntios. Ele não esperava que a sociedade lhe desse o veredicto de que ele era “alguém”. O apóstolo sabia que alavancar a autoestima seguindo os critérios dos outros é um erro.

Estabelecemos os nossos padrões e depois nos condenamos

Paulo não vinculou sua identidade aos seus pecados. Ele se recusou a se julgar. Quando errava, não permitia que isso destruísse sua identidade. Da mesma forma, não se parabenizava quando agia bem. Todas as realizações eram desvinculadas de sua identidade. Somos bem diferentes disso.

Quando nos vemos como pessoas pecadoras, perdemos a confiança. Julgamos a nós mesmos. Criamos os próprios padrões e nos condenamos com base neles. O ego nunca fica satisfeito assim. Paulo mostra como é ter um ego saciado. Ele repele o vazio ao não se importar com as opiniões dos outros e o juízo próprio.

Essa habilidade que ele demonstra é a humildade. O apóstolo mostra um estágio de ego que não chama atenção para si. Ele se comporta como qualquer outra parte do corpo. O nível de Paulo é o de nem pensar mais em si mesmo. Quando age certo ou errado, não relaciona isso à sua identidade.

Humildade é a liberdade que vem do autoesquecimento

Quando conversamos com alguém verdadeiramente humilde, nossa surpresa reside em seu interesse por nós. Isso porque a essência da humildade verdadeira é pensar menos em si mesmo. Não precisamos mais ligar as coisas à nossa identidade. Nossa imagem deixa de ser importante.

Você deixa de relacionar experiências e conversas à sua pessoa. Para de pensar em si. É a liberdade do autoesquecimento, um descanso que só ele oferece. Humildade significa ter o ego satisfeito, mas não inchado. Isso não se relaciona com autoestima. Os verdadeiramente humildes não se odeiam ou se amam.

Em vez disso, eles se esquecem de si. O ego simplesmente exerce sua função, sem chamar atenção. É como os pés durante uma caminhada. Quando exercem bem seu papel, sequer percebemos. O melhor senso de identidade é o que passa despercebido. Quem se esquece de si não se fere ao ouvir críticas.

Pensando menos em si

Aqueles que têm o ego satisfeito não se deixam abater ao ouvir críticas. Eles as entendem só como oportunidades de mudança. Os elogios também deixam de ser necessários. Viramos o tipo de pessoa que não sente repulsa da própria aparência, corpo ou personalidade. Abandonamos as ilusões de grandeza.

Deixamos de lado também a inveja. Se somos medalha de prata, admiramos os que conseguiram o ouro. Abandonamos o ressentimento de não estar no topo. Passamos a entender que nosso trabalho, esporte e vida amorosa não giram em torno de nossos umbigos.

Essa é a sabedoria de quem faz as coisas por propósito, não para preencher seu currículo. Apreciamos o mundo pelo que ele é e nada mais. É parar de pensar em si como se fosse mais do que é, como na cultura moderna, ou menos, como na tradicional. Ser humilde é simplesmente pensar menos em si.

O veredicto garante o desempenho

É difícil praticar o autoesquecimento. Por isso, o que Paulo fez é raro. Não conseguimos fazer isso porque procuramos sempre um veredicto definitivo que mostre que somos importantes. Queremos ele todos os dias, a todos os momentos. Só que o apóstolo sabia de algo que esquecemos.

Achamos que o veredicto de que somos valiosos vem depois do desempenho. Ficamos inteligentes, ricos e bonitos, então seremos amados e apreciados. Só que esse resultado nunca chega. Sempre queremos mais. Conseguimos alcançar o que procurávamos e, ainda assim, sentimos falta de algo.

O que o cristianismo faz é inverter a ordem. Nele, o veredicto garante o desempenho. Se Deus lhe ama e aceita, você não precisa fazer nada para preencher currículo. Já é bom o suficiente. Não faz sentido temer o julgamento das pessoas porque Jesus Cristo foi julgado no lugar de todos.

O julgamento terminou

Jesus Cristo já esteve sob julgamento por nós. Foi de forma injusta, em um tribunal corrupto, mas aconteceu. Ele fez isso para nos substituir, recebendo a condenação que merecíamos. É por isso que a identidade cristã nos retira do tribunal. O julgamento acabou. O veredicto já aconteceu. 

Não deixe as opiniões dos outros lhe amedrontar. Viva como Paulo mostrou que devemos viver. O autor defende que devemos, sempre, reviver o Evangelho. Isso se dá a cada vez que oramos. Reviva-o ao ir à igreja. Pergunte-se se está se colocando no tribunal novamente, ao ouvir uma crítica. 

Se estiver, saiba que ali não é o seu lugar. Não há mais julgamento. Assim como Paulo, aja como se a opinião dos outros não importasse. Não coloque seu ego dentro da lente sempre. Faça como o apóstolo, que rejeitou a opinião dos outros para dar valor à de Deus. Para Ele, você é digno de amor e isso é o suficiente.

Notas finais

Ego transformado mostra uma visão cristã sobre orgulho e autoestima, usando de referência os textos do apóstolo Paulo. O livro dá dicas para se apegar à fé para lidar com as críticas e se proteger das dores do ego.

Dica do 12min

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Quem escreveu o livro?

Timothy Keller foi um pastor, teólogo, pregador e apologista calvinista. Foi um dos fundadores da Igreja Pre... (Leia mais)

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